EVOLUÇÃO HISTÓRICA

As primeiras tintas criadas pelo homem remontam à pré-história, com registros de uso há mais de 40.000 anos, o homem primitivo as utilizavam para pintarem seus corpos e também as paredes das cavernas. Os primeiros artistas utilizavam materiais naturais para obter pigmentos e criar cores, como minerais, plantas e animais.

MINERAIS: havia vários minerais que eles utilizavam, como o ocre, um mineral de argila rico em óxido de ferro, produzia tons de amarelo, vermelho e marrom; a malaquita, um mineral de carbonato de cobre, produzia tons de verde; o lápis-lazúli, um mineral azul, era usado para criar um pigmento azul intenso.

 

PLANTAS: as plantas também eram usadas para criar pigmentos. A raiz de ruiva produzia um pigmento vermelho, enquanto o açafrão produzia um pigmento amarelo. O índigo, uma planta nativa da Índia, era usado para criar um pigmento azul.

ANIMAIS: Os animais também eram usados para criar pigmentos. A púrpura tíria, um corante feito de um tipo de caracol marinho, produzia um pigmento roxo muito valorizado. O negro de marfim, um pigmento preto feito de ossos de animais queimados, também era comum.

PÚRPURA TÍRIA: foi o corante mais caro da Antiguidade, usado por o corante mais caro da Antiguidade e era conhecido como púrpura real, púrpura imperial ou corante imperial. Em comparação aos outros materiais citados talvez a púrpura tíria seja o “mais recente”, acredita-se que a produção do pigmento começou em 1.200 a.C. pelos fenícios, que dominavam a cidade de Tíria, no atual território da Líbia. Mas segundo uma reportagem feita pela BBC “(…) o registro mais detalhado do processo de produção da púrpura vem mesmo de Plínio, o Velho, no século 1º d.C”.

Para produção do pigmento eram mortos muitos moluscos, 10 mil animais para produzir um único grama do pigmento, isso fazia a cor se tornar muito cara, apenas a realeza podia comprar. Por isso por muitos anos a cor púrpura foi associada à nobreza. O processo envolvia a fermentação desses animais, assim como a adição de urina para auxiliar na fixação desse pigmento, o mal cheiro tomava conta do local, tornando o lugar extremamente desagradável para se viver.

Na Idade Média as cores de maior destaque foram o azul e o vermelho. Nesse período o azul ganhou um importante simbolismo religioso, ao associar a cor à Virgem Maria ele passou a denotar pureza, divindade e realeza. Isso impulsionou seu uso em pinturas, vitrais e outras formas de arte sacra. A obtenção deste pigmento vinha principalmente do lápis-lazúli, disponível mais para nobreza; mesmo retirando-o de plantas como o índigo, que relativamente mais acessíveis, ainda assim ele possuía seu valor.

Enquanto o azul tinha uma associação maior com a religiosidade e divindade, o vermelho estava ligado mais ao poder, logo à nobreza, realeza, era muitas vezes também relacionado às paixões humanas, tanto positivas quanto negativas, como o amor e a ira. Ele era mais acessível que o azul, logo acabou sendo um pouco mais popular.

O Renascimento foi um período de efervescência cultural e rica variedade de movimentos artísticos. Buscando representar o mundo natural com fidelidade a utilização das cores desempenhava um papel fundamental nesse período. A pintura a óleo, que permitia uma maior variedade de tons e uma aplicação mais suave, ganhou popularidade. A têmpera, uma técnica que utilizava pigmentos misturados com gema de ovo, também era comum, especialmente em obras menores e mais detalhadas.

Em 2023 foi feito um estudo e publicado na revista “Nature Communications” falando da utilização da gema de ovo nas pinturas a óleo dos “Velhos Mestres” renascentistas como Leonardo da Vinci, Sandro Botticelli, e Rembrandt. O estudo mostrou que muito provavelmente a utilização da gema do ovo nas pinturas desses artistas tenha sido intencional, haja vista que os elementos presentes em sua estrutura como antioxidantes e a proteína eram benéficas para a pintura, fazendo com que a tinta demore mais tempo para oxidar, fique mais resistente à umidade, e melhore a qualidade da obra.

Madona do Cravo de Leonardo da Vinci, sem a utilização da gema do ovo a pintura ficava enrugada

O Movimento Impressionista, que surgiu na França no final do século XIX abriu caminhos para a arte moderna, eles priorizavam a captura da cor e da luz em detrimento da forma precisa. Essa característica fundamental do movimento revolucionou a pintura e marcou uma ruptura com as tradições artísticas anteriores. Para Castanheira, 2025, “A constante deste movimento centra-se na busca da real representação cromática e não apenas por “efeitos” pictóricos que simulam a sombra ou o reflexo, por exemplo”.

Suas pinturas buscavam retratar a realidade em constante mudança, capturando as impressões fugazes da luz e da cor em um determinado momento. Para eles o mais importante era retratar como a luz natural se comportava e como ela afetava as cores dos objetos, e não se preocupar com a representação detalhada das formas. A realidade era subjetiva, tinha mais a ver com percepção individual.

Isso não significa que eles ignorassem a forma, mas sim que esta estava subordinada à cor e à luz, capturando a impressão do momento, a emoção, passando a sensação de movimento. 

Os principais artistas desse movimento são Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Edgar Degas, Camille Pissarro e Berthe Morisot.

Impressão, nascer do Sol – Claude Monet (1.872)

Diferente da sequência cromática do Impressionismo, o Fauvismo utiliza cores vibrantes, intensas e exageradas, sem se preocupar com a fiel representação da realidade. Esse movimento abriu caminho para a arte moderna

La Dance – Henri Matisse (1.910)

O Sintetismo surgiu ainda no Fauvismo, ele se caracteriza pela simplificação das formas por meio de amplos planos cromáticos, com esquema de cores apresentando forte contraste. O líder do movimento foi Paul Gauguin, que pintava paisagens e figuras do Taiti. 

Parau api – Paul Gauguin (1.892)

BAUHAUS

O ESTUDO DA COR

A primeira abordagem que se tem sobre o estudo da cor remonta à Grécia Antiga, mais especificamente a Aristóteles. Para ele cor é aquilo que cobre a superfície dos objetos, tendo o poder de influenciar e alterar o meio. E para que essa cor se manifestasse era necessária a presença de luz. Ele propôs o primeiro círculo cromático da história.

Circulo cromático de Aristóteles

Aristóteles propôs um círculo que contemplava 7 cores: Branco, Vermelho, Amarelo, Verde, Azul, Violeta e Preto. As demais cores seriam fruto da mistura do branco com o preto. Tendo elas relação com a  terra (preto), fogo (branco), ar (vermelho) e água (amarelo).

Esse estudo sobre a cor foi ocorrendo ao longo da história com Caio Plínio Segundo, no qual suas pesquisas determinaram a existência de três cores: o vermelho “vivo”, o roxo e o verde. Com artistas do Renascimento, como Leon Battista Alberti e Leonardo da Vinci, cujo estudo se direcionou mais a artistas pintores, fazendo com que eles até mesmo se interessassem em fazer seus próprios estudos.

O filósofo e cientista inglês Isaac Newton (1643-1727) se debruçou sobre o estudo da cor e teve uma grande contribuição nesse quesito. Para ele a cor era, antes de tudo, um fenômeno físico.

Newton usou um prisma para decompor a luz branca em seu espectro colorido, revelando as sete cores que compõem o arco-íris: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Com isso ele demonstrou que a luz branca é na verdade uma mistura de todas as cores do espectro visível. Ele foi o primeiro a associar a cor com a luz. Ele ainda elaborou um círculo cromático contendo essas 7 cores.

Outro grande pesquisador do assunto foi o alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). Durante mais de 30 anos da sua vida ele produziu um livro sobre essa temática que, em muitos aspectos, faz oposição à teoria de Newton de forma categórica.

A parte principal disso era em relação à luz branca, para ele não tinha como a luz branca, que é clara, ser composta de cores mais escuras que ela mesma. Diferentemente de Newton, que acreditava que a cor era um fenômeno físico, Goethe entendia que a cor abrangia outras dimensões, principalmente a fisiológica e a psicológica.

Ele também desenvolveu um círculo cromático composto por seis cores, sendo três primárias (amarelo, azul e vermelho), e três secundárias (– laranja, violeta e verde). 

Círculo cromático de Goethe

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTANHEIRA, Elisabete Barbosa. Estudos sobre cor e composição. UNISA. São Paulo, 2025.

GORVETT, Zaria. Púrpura tíria: o antigo pigmento desaparecido que valia mais que ouro. BBC News Brasil, 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portugues/articles/cy92w17qkeeo. Acesso em 25/03/2025.

RANQUETE, O., DUCE, C., BRAMANTI, E. et al. Uma visão holística sobre o papel da gema de ovo nas tintas a óleo dos antigos mestres. Nature Communication, 14, 1534, ano 2023. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41467-023-36859-5. Acesso em 26/03/2025.

YouTube
YouTube
Instagram

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Este site faz uso de cookies para melhorar a sua experiência de navegação e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos sites, você concorda com tal monitoramento.