PATRIMÔNIO

Quando se fala em patrimônio muitos logo pensam que são todos os bens que uma pessoa adquiriu ao longo da vida, ou simplesmente os ganhou por herança, e não está errado. Porém o patrimônio que trataremos aqui é o patrimônio histórico, aquele que diz respeito a uma população, que conta uma história por trás da obra. Essas obras geralmente são antigas, arcaicas, foram feitas utilizando técnicas ultrapassadas, são tecnologicamente ultrapassadas e ecologicamente ineficientes. Então por que preservar isso? Se atualmente possuímos técnicas superiores, materiais mais baratos e eficientes, métodos mais precisos por que ainda devemos preservar o velho?

Pra responder a essas indagações é preciso entendermos a necessidade que todo homem/mulher tem em conhecer suas origens, na nossa concepção humana tudo é finito, tem um começo, meio e fim. Sendo assim nós, seres humanos, também necessitamos saber nosso começo e sempre nos questionamos quanto ao fim. Isso faz parte do nosso autoconhecimento, sabermos de onde viemos, como nascemos, quem são nossos pais é importante para nos entendermos enquanto pessoas.

Dentre várias outras finalidade, a religião também ajuda muito o homem a se encontrar, nela ele consegue respostas de onde viemos, como vivermos nesse mundo e para onde vamos. Até mesmo para os ateus há uma necessidade de se conhecer a origem de tudo, para muitos a resposta é a evolução, não há um ser supremo e superior que criou tudo, essa criação é respondida pela teoria do Big Bang e pela evolução.

Atualmente muito se fala em autoconhecer, das implicações positivas que isso traz para vida de qualquer pessoa, e para isso o homem precisa saber sua própria história, como as coisas aconteceram, quais fatores contribuíram para que chegasse nele hoje. E corroborando com essas narrativas é sempre bom a utilização de fotos, ver como seus antepassados eram, os lugares que moraram. Além das fotos é primordial ouvir as histórias, as batalhas que enfrentaram, os desafios que superaram.

O mesmo acontece com as obras, seja uma edificação, um quadro, um jardim, uma escultura, enfim, tudo isso nos conta uma história, nos mostra como aqueles que vieram antes de nós superaram as barreiras e desafios e criaram obras que foram as bases para tudo que temos hoje.

Quando pegamos fotos antigas para olhar temos aquele gostoso sentimento nostálgico que nos leva de volta àquele momento em específico. Conservar obras antigas é uma forma preservar a memória daquele tempo que não volta mais, a obra preservado nos permite compreender o passado, as técnicas utilizadas, seu comportamento, a cultura.

Comparemos, por exemplo, os antigos zigurates com os arranha-céus de hoje. Vemos nessa comparação o quanto a sociedade evoluiu, as técnicas empregadas são outras, mais eficientes, os materiais são mais leves, melhores e mais resistentes. Uma construção atual tem muito mais conforto que uma antiga, no entanto é através das construções antigas que temos real dimensão do quanto a construção evoluiu.

E não só no que tange às construções, mas podemos ter uma melhor dimensão do quanto homem evoluiu como ser social, e isso fica bem evidente ao vermos as construções medievais, os instrumentos de tortura e morte em que as pessoas que pensavam e agiam diferente eram submetidas.

Todas essas obras contam-nos uma história, aprendemos com essa história e vemos aquilo que queremos ou não reproduzir, temos base pra sabermos as consequências de várias de nossas ações. Dessa forma vamos formando nossa identidade, sendo mais respeitosos, evoluindo enquanto sociedade.

Por tudo isso e muito mais é que se deve preservar muitas obras que contam-nos uma história, pois ela representam uma riqueza cultural para a humanidade. O patrimônio nada mais é do que a herança de um povo, preservá-lo é garantir sua memória e cultura, é construir a cidadania.

Pontes diz que o patrimônio histórico-cultural é um desses elementos que faz com que as pessoas se sintam pertencentes a uma cultura e a uma comunidade. Preservá-lo é valorizar a identidade que forja cada cidadão daquela localidade.